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O olhar criativo de

Tiago Salazar

Tiago Salazar, alma lisboeta e coração no resto do mundo, aceitou o nosso desafio para redescobrir a sua cidade.

Formou-se em Relações Internacionais e estudou Guionismo e Dramaturgia em Londres.

É doutorando no Instituto de Geografia onde prepara uma tese sobre A Volta ao Mundo de Ferreira de Castro.

Trabalha como jornalista desde 1991, atualmente como freelancer.

É formador de Escrita e Literatura de Viagens. Idealizou, escreveu e apresentou o programa Endereço Desconhecido, da RTP2.

Isto é Lisboa ainda (e sempre), desde os tempos de Alis-Ubbo, uma enseada amena, aprazível lugar de poiso e mercancia universal, há mais de dois mil anos.  

Aqui estou, pois, já de sesta dormida num relvado macio defronte ao Campo das Cebolas, vizinho à Casa dos Bicos, hoje o Largo do único Prémio Nobel da Literatura em língua portuguesa, o ribatejano José Saramago. Refresco a goela com uma limonada polvilhada de hortelã e imagino o voo da passarola de Bartolomeu de Gusmão no Terreiro do Paço, do lado de lá da Rua da Alfândega. Por falar em limões, há gentes de Lisboa que desconhecem o passado do Limoeiro (e da maior parte das coisas do palimpsesto que é uma cidade velha), do lado direito de quem sobe a ladeira da Sé (ou Santa Maria Maior, ou Catedral), hoje Centro de Estudos Judiciários. Paço a par de São Martinho, Palácio mandado construir por D. Fernando I, em 1367, numa posição fronteira à Igreja de São Martinho (demolida em 1838), daí a designação de Paço a-par-de-São Martinho. Neste local ocorreu a morte do conde Andeiro às mãos do futuro D. João I, em 1383, mantendo-se o edifício como residência régia com este último, e talvez ali tenha germinado a semente de uma figueira trazida da Terra Brasilis no bolso de Pedro Álvares Cabral. 

Fazer vida de guia-escritor-contador de estórias é dar conta de coisas assim.

Enquanto procrastino vou contando histórias orais para ganhar a vida, o pão para a boca.

O que o surpreendeu nesta viagem?

A inesgotável riqueza de nuances de Lisboa que nunca se banaliza.

Conte-nos algo que tenha visto e que nunca tinha visto antes.

A cordialidade das polícias no parqueamento de um veículo pilotado por um embaixador do turismo nacional. Neste caso na muito mal servida Lisboa.

Se tivesse de contar a uma criança sobre a sua viagem, o que diria?

Nunca te deixes rebaixar na grandeza do país onde nasceste.

Qual foi o maior desafio e a maior recompensa desta experiência?

O convite para estar entre grandes prosadores, tenha ou não sido uma primeira escolha.